Título Original: Dying Of The Light
Autor: George R. R. Martin
336 páginas, 1977 (no Brasil, 2012). Editora Leya.
Fantasia/Drama/Romance
Um planeta está prestes a morrer, seu caminho se afasta das estrelas que trazem vida àquele lugar. Suas 14 cidades, construídas rapidamente quando o planeta passou por perto de uma grande estrela, também estão moribundas. Worlorn não é o planeta que Dirk t’Larien imaginava, e Gwen Delvano não é mais a mulher que conhecera. Ela está ligada a outro homem e a esse planeta moribundo preso no crepúsculo, seguindo em direção à noite sem fim. Em meio à paisagem desoladora, há um violento choque de culturas, no qual não há códigos ou honra e uma batalha se espalhará rapidamente.
A Morte da Luz foi o primeiro livro escrito e publicado pelo autor George R. R. Martin, que mais tarde (cerca de vinte anos depois), se tornaria mundialmente famoso com sua obra prima, As Crônicas de Gelo e Fogo. Já em sua primeira obra, Martin aborda temas profundamente intrínsecos ao ser humano, onde não existem vilões ou heróis, apenas pessoas que convivem com seus lados bons e ruins de forma equilibrada. Além da densidade psicológica bem especificada, Martin também tende a descrever nos mínimos detalhes o cenário que cerca os personagens da trama. Estamos em um mundo futurista, onde a raça humana expandiu seus vastos impérios para outros planetas, colonizando a maioria deles. Em Worlorn, onde se passa a história, um planeta totalmente decadente, que uma vez fora belo e bem populado, mas que hoje ruma à extinção devido a movimentação das estrelas e do próprio sol para longe, somos apresentados a uma cultura totalmente nova, onde laços de amizade entre homens são mais valorosos que laços de matrimônio entre homens e mulheres, onde o código de honra de um Clã é deus que rege todos os seres. Sendo assim, são introduzidos na história alguns personagens bastante controversos, que deixam a dúvida sobre quem são até a última página do livro.
O que vale a pena ler?
A cultura, a mitologia e o cenário apresentados no livro são muito ricos em detalhes, onde mulheres são submissas aos homens, são apenas objetos sexuais e de reprodução (será que Martin quis expressar que, quanto mais a humanidade avança em tecnologia, mas retrocede na humanização e igualdade? Sim.), onde um homem deve ser ligado durante toda a vida a outro homem com quem deve conviver por laço de amizade e a uma mulher, que no termo do livro, betheyn, nada mais é do que um meio de reprodução dos Clãs. O Clã que atualmente reside em Worlorn, muito renomado e valoroso, os Jadeferros, está em confronto cultural entre seus membros, pois um dos personagens que lideram o grupo está obstinado a deter a velha cultura de escravização e levar a igualdade a todas as pessoas. Isso traz uma pitada de politicagem na história (que mais tarde se tornaria a marca registrada de Martin) e o autor consegue deixar bem clara a mensagem que o livro quer passar. Seja de amor, seja de honra, seja de amizade. Ou como as próprias palavras do autor sobre o livro "Todos os homens precisam de laços. Sejam de amizade, de amor ou ódio. É isso que nos torna humanos."
O que eu não gostei?
Devido a tantos detalhes narrados no livro, a leitura se torna cansativa em vários momentos, principalmente no início, que possui uma introdução grande demais ao Planeta de Worlorn, aos personagens e a Cultura. Creio que Martin quis humanizar demais uma história de fantasia e isso torna a leitura um tanto maçante. Há vários momentos de clímax, porém, nenhum é contínuo e o suspense não é tão profundo. Eu particularmente dormi lendo as cenas em que o narrador descrevia incansavelmente todos os aspectos do planeta, seja os animais (que são bem legais, viu.), seja a vegetação. A cultura do povo de Worlorn era uma coisa que deveria ter sido desenvolvida desde o início, mas Martin atrasa essa explicação e o leitor passa a metade do livro sem saber por quê os personagens estão ali, por quê agem daquela forma, por quê, por quê e por quê.
a ilustração da capa, por Marc Simonetti.
A Morte da Luz não é um livro ruim, mas é muito cansativo e possui muita informação para pouco acontecimento. Nele podemos observar aspectos que mais tarde se tornariam famosos nos livros das Crônicas de Gelo e Fogo, como personagens bem humanizados e tramas políticas. Mas, para um livro de George R. R. Martin, Morte da Luz cansa bastante e não se apropria de muito material que poderia desenvolver muito bem. Vamos dar um ponto positivo, afinal foi apenas o primeiro livro de Martin (vencedor do prêmio de melhor ficção de 1978) e agradecemos por ele ter amadurecido sua escrita e se tornado o autor que é hoje. Mas, Morte da Luz é um livro que não convence e sobretudo, não se arrisca.
Minha cara quando acabei o livro.
2 ANÉIS
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