Autor: Joe Hill
256 páginas, 2007. Editora Arqueiro.
Fantasia/Terror/Drama
"Vou ´vender´ o fantasma do meu padrasto pelo lance mais alto..."
Por 1.000 dólares, o roqueiro se torna o feliz proprietário do paletó de um morto, supostamente assombrado pelo espírito do antigo dono. Sempre às voltas com seus próprios fantasmas - o pai violento, as mulheres que usou e descartou, os colegas de banda que traiu -, Jude não tem medo de encarar mais um.
Mas tudo muda quando o paletó finalmente é entregue na sua casa, numa caixa preta em forma de coração. Desta vez, não se trata de uma curiosidade inofensiva nem de um fantasma imaginário. Sua presença é real e ameaçadora.
O espírito parece estar em todos os lugares, à espreita, balançando na mão cadavérica uma lâmina reluzente - verdadeira sentença de morte. O roqueiro logo descobre que o fantasma não entrou na sua vida por acaso e só sairá dela depois de se vingar. O morto é Craddock McDermott, o padrasto de uma fã que cometeu suicídio depois de ser abandonada por Jude.
Numa corrida desesperada para salvar sua vida, Jude faz as malas e cai na estrada com sua jovem namorada gótica. Durante a perseguição implacável do fantasma, o astro do rock é obrigado a enfrentar seu passado em busca de uma saída para o futuro. As verdadeiras motivações de vivos e mortos vão se revelando pouco a pouco em A estrada da noite - e nada é exatamente o que parece.
O livro de estreia de Joe Hill (vulgo Filho-do-Stephen King), é no mínimo perturbador. Com um enredo simples, partindo da premissa "vingança sobrenatural", Hill relata a vida superficial, vazia e muito macabra do ex-rockeiro Judas Coyne. Mas, para um bom leitor, o livro não se trata só disso. Um cara estranho que é assombrado por um fantasma e bla bla bla. Não. Com personagens muito verossímeis e ao mesmo tempo fantasiosos, Hill consegue transportar ao leitor toda a densidade psicológica imposta a cada personagem na trama, discorrendo não só sobre o sobrenatural, mas também sobre temas bem reais e recorrentes no cotidiano das pessoas. Desde problemas com os pais, drogas, traição e até pedofilia, o leitor é invadido por sentimentos que conseguem se opor entre o belo e o horror, a fantasia e a realidade, mostrando como é fina a camada que divide a loucura da sanidade. O livro mostra claramente como o ser humano é: complexo, cheio de defeitos e consegue fazer com que o mocinho da história, que na premissa não é assim tão inocente, cative os leitores, fazendo quase com que torcemos para que ele se salve do fantasma vingativo do padrasto da sua ex.
O clímax da história vem quando o verdadeiro motivo que levou o fantasma a assombrar Judas Coyne e o mistério envolvendo o suposto suicídio de Anna McDermott são revelados. A partir desse ponto, o leitor é tomado por uma série de acontecimentos rápidos envolvendo várias tramas de uma só vez - não que o livro pare em algum momento, uma vez que, desde o início os personagens não param de correr nem por um instante - prendendo até o fim.
O que eu achei interessante no livro é o fato de mesclar sem tabus, vários problemas que a sociedade enfrenta, com o sobrenatural. É interessante como o autor consegue mostrar a culpa, o arrependimento e as dores que os personagens vivem, mesmo não sendo um livro em ponto de vista, além de tratar de assuntos muito polêmicos, coisas que mexem com a cabeça do leitor e o faz questionar a conduta das pessoas: nem sempre elas são o que aparentam, todos possuem segredos sombrios que querem esconder de tudo e de todos, como cada um lida com seus próprios fantasmas - sejam eles do passado, do presente ou do futuro e como cada um pode encontrar a redenção. Além do fato de que esse foi o primeiro livro que eu realmente senti medo. Sério, algumas cenas e até o personagem do fantasma e sua descrição são assustadores.
Os direitos de adaptação do livro já foram comprados e a previsão de estreia é para 2014, com Jeffrey Dean Morgan (John Winchester, de Supernatural) no papel de Judas Coyne.
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