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quinta-feira, 21 de março de 2013

Resumindo #4: A Estrada da Noite

Título Original: Heart-Shaped Box
Autor: Joe Hill
256 páginas, 2007. Editora Arqueiro.
Fantasia/Terror/Drama

Uma lenda do rock pesado, o cinqüentão Judas Coyne coleciona objetos macabros: um livro de receitas para canibais, uma confissão de uma bruxa de 300 anos atrás, um laço usado num enforcamento, uma fita com cenas reais de assassinato. Por isso, quando fica sabendo de um estranho leilão na internet, ele não pensa duas vezes antes de fazer uma oferta.
"Vou ´vender´ o fantasma do meu padrasto pelo lance mais alto..."
Por 1.000 dólares, o roqueiro se torna o feliz proprietário do paletó de um morto, supostamente assombrado pelo espírito do antigo dono. Sempre às voltas com seus próprios fantasmas - o pai violento, as mulheres que usou e descartou, os colegas de banda que traiu -, Jude não tem medo de encarar mais um.
Mas tudo muda quando o paletó finalmente é entregue na sua casa, numa caixa preta em forma de coração. Desta vez, não se trata de uma curiosidade inofensiva nem de um fantasma imaginário. Sua presença é real e ameaçadora.
O espírito parece estar em todos os lugares, à espreita, balançando na mão cadavérica uma lâmina reluzente - verdadeira sentença de morte. O roqueiro logo descobre que o fantasma não entrou na sua vida por acaso e só sairá dela depois de se vingar. O morto é Craddock McDermott, o padrasto de uma fã que cometeu suicídio depois de ser abandonada por Jude.
Numa corrida desesperada para salvar sua vida, Jude faz as malas e cai na estrada com sua jovem namorada gótica. Durante a perseguição implacável do fantasma, o astro do rock é obrigado a enfrentar seu passado em busca de uma saída para o futuro. As verdadeiras motivações de vivos e mortos vão se revelando pouco a pouco em A estrada da noite - e nada é exatamente o que parece.

O livro de estreia de Joe Hill (vulgo Filho-do-Stephen King), é no mínimo perturbador. Com um enredo simples, partindo da premissa "vingança sobrenatural", Hill relata a vida superficial, vazia e muito macabra do ex-rockeiro Judas Coyne. Mas, para um bom leitor, o livro não se trata só disso. Um cara estranho que é assombrado por um fantasma e bla bla bla. Não. Com personagens muito verossímeis e ao mesmo tempo fantasiosos, Hill consegue transportar ao leitor toda a densidade psicológica imposta a cada personagem na trama, discorrendo não só sobre o sobrenatural, mas também sobre temas bem reais e recorrentes no cotidiano das pessoas. Desde problemas com os pais, drogas, traição e até pedofilia, o leitor é invadido por sentimentos que conseguem se opor entre o belo e o horror, a fantasia e a realidade, mostrando como é fina a camada que divide a loucura da sanidade. O livro mostra claramente como o ser humano é: complexo, cheio de defeitos e consegue fazer com que o mocinho da história, que na premissa não é assim tão inocente, cative os leitores, fazendo quase com que torcemos para que ele se salve do fantasma vingativo do padrasto da sua ex.


O clímax da história vem quando o verdadeiro motivo que levou o fantasma a assombrar Judas Coyne e o mistério envolvendo o suposto suicídio de Anna McDermott são revelados. A partir desse ponto, o leitor é tomado por uma série de acontecimentos rápidos envolvendo várias tramas de uma só vez - não que o livro pare em algum momento, uma vez que, desde o início os personagens não param de correr nem por um instante - prendendo até o fim. 
O que eu achei interessante no livro é o fato de mesclar sem tabus, vários problemas que a sociedade enfrenta, com o sobrenatural. É interessante como o autor consegue mostrar a culpa, o arrependimento e as dores que os personagens vivem, mesmo não sendo um livro em ponto de vista, além de tratar de assuntos muito polêmicos, coisas que mexem com a cabeça do leitor e o faz questionar a conduta das pessoas: nem sempre elas são o que aparentam, todos possuem segredos sombrios que querem esconder de tudo e de todos, como cada um lida com seus próprios fantasmas - sejam eles do passado, do presente ou do futuro e como cada um pode encontrar a redenção. Além do fato de que esse foi o primeiro livro que eu realmente senti medo. Sério, algumas cenas e até o personagem do fantasma e sua descrição são assustadores.
Os direitos de adaptação do livro já foram comprados e a previsão de estreia é para 2014, com Jeffrey Dean Morgan (John Winchester, de Supernatural) no papel de Judas Coyne.

Selo Winchester de assombração

4 ANÉIS

Por Guilherme Campos



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